HOJE
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A cenoura é o vegetal mais importante dentro das Umbelíferas
cultivares e está em 3º lugar (no ano 2000) no grupo dos sete
vegetais mais importantes depois da couve e da cebola. (FAO)
A cenoura é uma fonte privilegiada de caroteno, vitamina B1, B6, P,
PP, C e ácido fólico entre outros.
O seu consumo diário activa o organismo, promove o funcionamento do
sistema imunitário, as capacidades físicas e intelectuais e regula o
metabolismo (Gorovaya et alli, 2000)
É, por isso, importante a colheita de material para a introdução de
novos caracteres nos programas de melhoramento.
Há vários anos que um vasto grupo de cientistas de todo o Mundo,
coordenados pelo Professor Phillip Simon da Universidade de
Wisconsin, vêm estudando este vegetal no sentido de melhorar algumas
características como a cor, forma, resistência a algumas doenças
comuns e outras qualidades menos óbvias como o sabor, textura e
valor nutricional.
Na esperança de encontrar em Portugal matéria-prima para os seus
programas de melhoramento e na tentativa de salvar as ultimas
variedades de cenoura tradicionais, o Professor Phillip Simon,
deslocou-se a Portugal no ano de 2001 tendo efectuado a primeira
missão de colheita científica de Daucus no nosso país.
Em função de um acordo estabelecido entre a USDA (United States
Department Of Agriculture) e o Banco Português de Germoplasma
Vegetal, foi caracterizado, agronómica e morfologicamente, o
material colhido e feita uma segunda colheita de Daucus em
2002.
Através da caracterização do material colhido em 2001, procuramos
tirar algumas dúvidas em relação aos caracteres morfológicos e
agronómicos distintivos entre as espécies e subespécies colhidas e
com isso melhorar o seu conhecimento.
Com a segunda missão de colheita de Daucus tentamos aumentar
a diversidade das amostras colhidas assim como preencher algumas
falhas da anterior missão.
Destas acções dá conta o presente relatório.
Os estudos efectuados em Portugal, até agora, revelaram-se de
extrema importância para um melhor conhecimento deste vegetal, por
duas ordens de grandeza: Portugal possui abundantes espécies
silvestres de Daucus e possui, pelo menos uma variedade
tradicional de Daucus, de extrema importância para a saúde
humana (cenoura roxa).
Portugal mostra-se, ainda, como uma área ideal para a colheita de
espécies de género Daucus, mas com as mudanças na situação
agrícola, os avanços do cimento e os incêndios, além das alterações
climatéricas, urge alguma celeridade na recolha sistemática deste
material genético, de forma a evitar a sua perda definitiva.
Topo
A cenoura, aipo, salsa, cerefólio, funcho e numerosas outras plantas
cujas partes comestíveis são as raízes, folhas ou sementes pertencem
à família das Apiaceae ou Umbelliferae. O crescimento e o tipo de
reprodução da cenoura são semelhantes ao de outras plantas desta
família como o cerefólio e a salsa. Tendo sido há pouco tempo
revistos (Rubatzky et al., 1999) estes aspectos da cenoura serão
levemente evidenciados.
Morfologia e Crescimento
Uma variação de temperatura entre os 15ºC e os 25ºC, é considerada
óptima para a colheita e desenvolvimento da cenoura.
A sua germinação não é homogénea (Salter et al., 1981; Gray, 1984) e
o crescimento inicial lento.
O aumento de volume da raiz de armazenamento é mínimo até 6/8
semanas após a germinação, mas o potencial genético para o
comprimento da raiz, será, na maior parte dos casos, estabelecido
nas primeiras três semanas de crescimento (White and Strandberg,
1978). A cenoura comercial é uma raiz de armazenamento, constituída,
principalmente, por tecido parenquimatoso secundário. O crescimento
da planta continua até à colheita.
As primeiras verdadeiras folhas da cenoura emergem uma a duas
semanas após a germinação e o alongamento dos entre-nós é mínimo
durante a fase vegetativa.
A exposição das cenouras a temperaturas de 0ºC até 10ºC por períodos
de duas semanas a dois meses induz o alongamento dos entre nós e a
produção de flor em cenouras de regiões temperadas (Dickson and
Peterson, 1958). Fotoperiodos que excedam as doze horas são, até
certo ponto, impeditivos da indução floral considerando-se por isso
a cenoura uma planta de “dias curtos” (Atherton e tal., 1990)
A cenoura é ainda considerada, em algumas zonas do globo, como uma
espécie rústica, não necessitando de nenhuma irrigação, tendo mesmo
um comportamento satisfatório na ausência de rega.
A cultura da cenoura é caracterizada pela grande amplitude do
período de florescimento, o que leva à maturação desuniforme das
sementes e, segundo Andrade et al. (1993), à diferenciação na
sua qualidade fisiológica.
As sementes provenientes das umbelas primárias e secundárias possuem
maior vigor que as provenientes das umbelas terciárias e
quaternárias, sendo estas formadas mais tardiamente na planta da
cenoura, possuem menor quantidade de compostos como citocininas e
giberelinas, e são menores e mais leves, devido à prioridade na
planta de sementes formadas nas umbelas primárias e secundárias
(Gilberto Bevilaqua et al., 1997).
Topo
Com a indução da floração, o meristema apical da cenoura fica mais
levantado e com forma cónica, dá-se o alongamento dos entre-nós e
inicia-se a formação das inflorescências (Umbela, Fig.2.1). A umbela
primária é, em geral, a maior. Esta, mais várias dezenas de umbelas
secundárias, terciárias e quaternárias, desenvolvem-se para
produzirem mais de um milhar de flores por planta (Borthwick et al.,
1931). As flores de uma umbela estão agrupadas em umbélulas e o
desenvolvimento floral é protândrico, centrípeto e dura quatro a
sete semanas.
Figura 2.1 –
Umbela de
Daucus carota, L.
As flores das cenouras (Fig. 2.2) são em geral perfeitas com um
ovário inferior bilocular, com um óvulo funcional por lóculo. O
ovário bilocular (Fig. 2.3) dá origem a um esquizocarpo (Fig. 2.4)
que consiste de dois mericarpos, sendo cada um aquénio.
Figura 2.2 –
Flor
estaminada de Daucus carota, L.
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