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Todas as noites, nos países em vias de desenvolvimento quase 800 milhões de pessoas s e deitam com fome. Afirma o primeiro número do estado da Insegurança Alimentar no Mundo, publicado a 14 de

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Os parentes silvestres das espécies cultivadas desempenharam frequentemente papéis importantes na sustentação da produtividade agrícola. Os povos têm adoptado as espécies silvestres durante milhares de anos, e após a domesticação, alguns dos cultivares resultantes continuaram a hibridação naturalmente com os seus parentes silvestres. Tais ajudas espontâneas do fluxo de genes mantêm o vigor das colheitas e podem conduzir ao desenvolvimento de novas cultivares. Os melhoradores de plantas voltaram-se para a espécie silvestre principalmente como fonte de resistência a doenças, pestes, e ambientes hostis, tais como aqueles com climas adversos. As espécies silvestres, que incluem plantas em ambientes naturais assim como formas daninhas ou infestantes que prosperam em habitats perturbados, são cruciais ao interminável esforço em adaptar colheitas a ambientes difíceis e confrontar desafios à produção agrícola.

Vavilov (1940) chamou a atenção para o potencial de parentes silvestres de cultivares para melhorar a agricultura. As espécies silvestres são fontes especialmente boas para a resistência às doenças e pragas assim como para a tolerância a circunstâncias cada vez mais difíceis porque tiveram que prosperar sozinhas (Harlan, 1984). As espécies cultivadas, por outro lado, tiveram o benefício da protecção humana, tal como o controlo das ervas daninhas e de pragas ou doenças, e um ambiente mais uniforme para o seu crescimento. Também, as condições do solo foram mais apropriadas para plantas de colheita como a fertilização e irrigação. As plantas silvestres estiveram sob a pressão constante de agentes patogénicos, pragas, climas severos, e solos desfavoráveis e desenvolveram estratégias inumeráveis para a sobrevivência. É este arsenal de traços defensivos, o produto dos milhões dos anos da evolução que é tão valiosa à agricultura. 

É essencial que tanto germoplasma silvestre quanto possível esteja colhido antes que desapareça.

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O nome Carota utilizado em referência à cenoura cultivada foi encontrado primeiro nos manuscritos de Athenaeus (d.C. 200), e no livro de culinária de Apicius Czclius.

Galen (século II d.C.) acrescentou o nome Daucus à cenoura para a distinguir da pastinaca, denominando a última de Daucus pastinaca. Daucus passou a ser o nome oficial no século XVI, tendo sido adoptado por Linnaeus no século XVIII.

A cenoura, Daucus carota L., da família das Apiaceae ou Umbeliferae, é cultivada pela sua raiz carnuda que se come crua ou cozinhada em vários pratos. É uma excelente fonte de vitamina A e fibra para a nossa dieta.

É uma planta anual na sua forma silvestre e bianual na forma domesticada.

Economicamente a cenoura encontra-se entre os dez mais importantes vegetais no mundo, sendo apenas ultrapassada pela batata, alface, tomate, alho, aipo e pelo milho doce.

Os maiores produtores mundiais da cenoura são a China, os Estados Unidos e a Rússia. Na Europa, a Inglaterra tem a maior produção, seguida pela França, Holanda e Itália. Outros países com grande produção incluem o Japão, a Polónia e a Alemanha. A Austrália também a produz em grande escala.

Uma das melhores fontes de vitamina A, uma cenoura de tamanho médio supre as necessidades diárias deste nutriente, 
ela contém ainda outras vitaminas e minerais, como o potássio. Uma cenoura crua contém 20 calorias e 250 ml (cerca 
de 1 xícara) de cenouras cozidas contêm 47 kcal. As cenouras contêm, em porções mais baixas, óleos essenciais, 
carbonatos e compostos de nitrogénio. Elas são conhecidas pelas suas propriedades adoçantes, antianémicas, 
cicatrizantes, diuréticas, remineralizantes e sedativas. Para que a maior quantidade possível dos nutrientes presentes 
sejam assimilados, é essencial que as cenouras sejam mastigadas muito bem – uma excepção à regra – elas são mais 
nutritivas cozidas do que cruas. A cenoura é rica em elementos alcalinos que purificam e revitalizam o sangue. Ela nutre 
todo o sistema e ajuda a manter o balanço ácido/básico do organismo.

As suas sementes têm uma série de aplicações medicinais, por exemplo para a disenteria crónica, dores nos rins e no útero ou como tónico nervoso. A cenoura devia fazer parte da dieta de pessoas propensas a sofrer de artrite. Outros ingredientes da cenoura baixam os níveis de açúcar no sangue. Nalguns locais, a raiz preparada de várias maneiras, é usada para tumores, úlceras cancerosas, feridas cancerosas, tumores nos testículos, carcinoma mamário e cancro da pele (Duke, 1983)

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Produção Actual e Tendência da Produção no Futuro

A terra arável utilizada, em todo o mundo para a produção de cenoura triplicou desde 1965, enquanto que as produções por unidade de área não se modificaram a nível mundial durante este período (Tabela 3.2).

Este aumento fez-se sentir principalmente na Ásia antes de 1975, embora também tenha sido neste Continente que se obtiveram os acréscimos mais significativos de produção de cenoura após essa data, subindo de 27% para 34% a área dedicada à produção de cenoura.

Embora a área de produção de cenoura na Europa se tenha dilatado acentuadamente desde 1965, a produtividade por hectare baixou ligeiramente durante este período.

A área produtiva ocupada por cenoura em África também aumentou a uma velocidade comparável ao resto do mundo, mas a produtividade continuou menor.

Tem sido dedicado pouco tempo e esforço ao melhoramento da cenoura para produção em África. Ainda há um longo caminho a percorrer. Grandes avanços podem ser feitos para assim aumentar a produtividade da cenoura neste Continente seleccionando a cultura para uma melhor adaptação a climas quentes.

Com isto estaríamos não só a melhorar as condições para o caso de África mas também para muitos outros novos locais no mundo, pois com o aquecimento global iremos ter climas cada vez mais quentes tendo que encontrar soluções para minorar as suas consequências.

Tabela 3.2 – Produção e disponibilidade de cenoura no Mundo, 1965 – 1995.

 

 

 

 

 

 

 

Continente

Variáveis

1965

1975

1985

1995

 

 

 

 

 

 

Africa

Área (% Mundo)

8

5

6

8

Produtividade (t/ha)

11

12

12

12

Disponibilidade (Kg/pessoa)

0,5

0,7

0,7

1,1

 

 

 

 

 

 

Ásia

Área (% Mundo)

8

27

29

34

Produtividade (t/ha)

28

17

21

22

Disponibilidade (Kg/pessoa)

0,2

0,9

1,2

1,7

 

 

 

 

 

 

Europa

Área (% Mundo)

54

53

50

43

Produtividade (t/ha)

24

24

28

20

Disponibilidade (Kg/pessoa)

4,6

5

6,4

9,1

 

 

 

 

 

 

América do Norte e Central

Área (% Mundo)

21

9

9

9

Produtividade (t/ha)

24

30

28

33

Disponibilidade (Kg/pessoa)

3,1

3,6

3,7

4,7

 

 

 

 

 

 

Oceânia

Área (% Mundo)

2

1

1

1

Produtividade (t/ha)

27

32

32

31

Disponibilidade (Kg/pessoa)

4,6

6

6,3

8,8

 

 

 

 

 

 

América do Sul

Área (% Mundo)

7

5

5

5

Produtividade (t/ha)

13

15

18

19

Disponibilidade (Kg/pessoa)

1

1,5

2

2,2

 

 

 

 

 

 

Mundo

Área (% Mundo)

196

459

558

756

Produtividade (t/ha)

22

19

22

21

Disponibilidade (Kg/pessoa)

1,3

2,2

2,5

2,8

 

 

 

 

 

 

Fonte: FAO Yearbook Production Statistics; média de 3 anos (i. e., 1975= média de 1974 - 1976)

A forma preferida pelos consumidores no que diz respeito às cenouras varia nas diferentes partes do mundo. Cerca de dois terços da área produtora de cenoura utiliza cenouras tipo “Nantes”, especialmente na Europa e na Ásia. Outro tipo predominante em partes da Ásia, Sul da América e África é a “Kuroda”.

As cultivares, continuarão a ser categorizadas e comercializadas utilizando as classes apresentadas na figura 1.1, mas a sua diversidade genética irá certamente aumentar à medida que os melhoradores introduzem resistência a doenças e outros caracteres qualitativos nos diversos tipos (Philipp Simon, 2000).

Figura 3.5 – Formas de raízes de armazenamento em várias cultivares de cenoura.

O padrão comercial de raízes de cenoura preferido em Portugal é o “Nantes”, devido à sua forma cilíndrica, lisa e de cor alaranjada intensa.

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