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Os parentes silvestres das espécies cultivadas desempenharam
frequentemente papéis importantes na sustentação da produtividade
agrícola. Os povos têm adoptado as espécies silvestres durante
milhares de anos, e após a domesticação, alguns dos cultivares
resultantes continuaram a hibridação naturalmente com os seus
parentes silvestres. Tais ajudas espontâneas do fluxo de genes
mantêm o vigor das colheitas e podem conduzir ao desenvolvimento de
novas cultivares. Os melhoradores de plantas voltaram-se para a
espécie silvestre principalmente como fonte de resistência a
doenças, pestes, e ambientes hostis, tais como aqueles com climas
adversos. As espécies silvestres, que incluem plantas em ambientes
naturais assim como formas daninhas ou infestantes que prosperam em
habitats perturbados, são cruciais ao interminável esforço em
adaptar colheitas a ambientes difíceis e confrontar desafios à
produção agrícola.
Vavilov (1940) chamou a atenção para o potencial de parentes
silvestres de cultivares para melhorar a agricultura. As espécies
silvestres são fontes especialmente boas para a resistência às
doenças e pragas assim como para a tolerância a circunstâncias cada
vez mais difíceis porque tiveram que prosperar sozinhas (Harlan,
1984). As espécies cultivadas, por outro lado, tiveram o benefício
da protecção humana, tal como o controlo das ervas daninhas e de
pragas ou doenças, e um ambiente mais uniforme para o seu
crescimento. Também, as condições do solo foram mais apropriadas
para plantas de colheita como a fertilização e irrigação. As plantas
silvestres estiveram sob a pressão constante de agentes patogénicos,
pragas, climas severos, e solos desfavoráveis e desenvolveram
estratégias inumeráveis para a sobrevivência. É este arsenal de
traços defensivos, o produto dos milhões dos anos da evolução que é
tão valiosa à agricultura.
É essencial que tanto germoplasma silvestre quanto possível esteja
colhido antes que desapareça.
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O nome Carota utilizado em referência à cenoura cultivada foi
encontrado primeiro nos manuscritos de Athenaeus (d.C. 200), e no
livro de culinária de Apicius Czclius.
Galen (século II d.C.) acrescentou o nome Daucus à cenoura para a
distinguir da pastinaca, denominando a última de Daucus pastinaca.
Daucus passou a ser o nome oficial no século XVI, tendo sido adoptado
por Linnaeus no século XVIII.
A cenoura, Daucus carota L., da família das Apiaceae ou Umbeliferae, é
cultivada pela sua raiz carnuda que se come crua ou cozinhada em
vários pratos. É uma excelente fonte de vitamina A e fibra para a
nossa dieta.
É uma planta anual na sua forma silvestre e bianual na forma
domesticada.
Economicamente a cenoura encontra-se entre os dez mais importantes
vegetais no mundo, sendo apenas ultrapassada pela batata, alface,
tomate, alho, aipo e pelo milho doce.
Os maiores produtores mundiais da cenoura são a China, os Estados
Unidos e a Rússia. Na Europa, a Inglaterra tem a maior produção,
seguida pela França, Holanda e Itália. Outros países com grande
produção incluem o Japão, a Polónia e a Alemanha. A Austrália também a
produz em grande escala.
Uma das melhores fontes de vitamina A, uma cenoura de tamanho médio supre as necessidades diárias deste nutriente,
ela contém ainda outras vitaminas e minerais, como o potássio. Uma cenoura crua contém 20 calorias e 250 ml (cerca
de 1 xícara) de cenouras cozidas contêm 47 kcal. As cenouras contêm, em porções mais baixas, óleos essenciais,
carbonatos e compostos de nitrogénio. Elas são conhecidas pelas suas propriedades adoçantes, antianémicas,
cicatrizantes, diuréticas, remineralizantes e sedativas. Para que a maior quantidade possível dos nutrientes presentes
sejam assimilados, é essencial que as cenouras sejam mastigadas muito bem – uma excepção à regra – elas são mais
nutritivas cozidas do que cruas. A cenoura é rica em elementos alcalinos que purificam e revitalizam o sangue. Ela nutre
todo o sistema e ajuda a manter o balanço ácido/básico do organismo.
As suas sementes têm uma série de aplicações medicinais, por exemplo
para a disenteria crónica, dores nos rins e no útero ou como tónico
nervoso. A cenoura devia fazer parte da dieta de pessoas propensas a
sofrer de artrite. Outros ingredientes da cenoura baixam os níveis de
açúcar no sangue. Nalguns locais, a raiz preparada de várias maneiras,
é usada para tumores, úlceras cancerosas, feridas cancerosas, tumores
nos testículos, carcinoma mamário e cancro da pele (Duke, 1983)
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Produção Actual e Tendência da
Produção no Futuro
A terra arável utilizada, em todo o mundo para a produção de cenoura
triplicou desde 1965, enquanto que as produções por unidade de área
não se modificaram a nível mundial durante este período (Tabela 3.2).
Este aumento fez-se sentir principalmente na Ásia antes de 1975,
embora também tenha sido neste Continente que se obtiveram os
acréscimos mais significativos de produção de cenoura após essa data,
subindo de 27% para 34% a área dedicada à produção de cenoura.
Embora a área de produção de cenoura na Europa se tenha dilatado
acentuadamente desde 1965, a produtividade por hectare baixou
ligeiramente durante este período.
A área produtiva ocupada por cenoura em África também aumentou a uma
velocidade comparável ao resto do mundo, mas a produtividade continuou
menor.
Tem sido dedicado pouco tempo e esforço ao melhoramento da cenoura
para produção em África. Ainda há um longo caminho a percorrer.
Grandes avanços podem ser feitos para assim aumentar a produtividade
da cenoura neste Continente seleccionando a cultura para uma melhor
adaptação a climas quentes.
Com isto estaríamos não só a melhorar as condições para o caso de
África mas também para muitos outros novos locais no mundo, pois com o
aquecimento global iremos ter climas cada vez mais quentes tendo que
encontrar soluções para minorar as suas consequências.
Tabela 3.2 –
Produção e
disponibilidade de cenoura no Mundo, 1965 – 1995.
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Continente |
Variáveis |
1965 |
1975 |
1985 |
1995 |
|
|
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|
|
|
Africa |
Área (%
Mundo) |
8 |
5 |
6 |
8 |
Produtividade
(t/ha) |
11 |
12 |
12 |
12 |
Disponibilidade (Kg/pessoa) |
0,5 |
0,7 |
0,7 |
1,1 |
|
|
|
|
|
|
Ásia |
Área (%
Mundo) |
8 |
27 |
29 |
34 |
Produtividade
(t/ha) |
28 |
17 |
21 |
22 |
Disponibilidade (Kg/pessoa) |
0,2 |
0,9 |
1,2 |
1,7 |
|
|
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|
|
|
Europa |
Área (%
Mundo) |
54 |
53 |
50 |
43 |
Produtividade
(t/ha) |
24 |
24 |
28 |
20 |
Disponibilidade (Kg/pessoa) |
4,6 |
5 |
6,4 |
9,1 |
|
|
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|
|
|
América do
Norte e Central |
Área (%
Mundo) |
21 |
9 |
9 |
9 |
Produtividade
(t/ha) |
24 |
30 |
28 |
33 |
Disponibilidade (Kg/pessoa) |
3,1 |
3,6 |
3,7 |
4,7 |
|
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|
Oceânia |
Área (%
Mundo) |
2 |
1 |
1 |
1 |
Produtividade
(t/ha) |
27 |
32 |
32 |
31 |
Disponibilidade (Kg/pessoa) |
4,6 |
6 |
6,3 |
8,8 |
|
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|
|
|
América do
Sul |
Área (%
Mundo) |
7 |
5 |
5 |
5 |
Produtividade
(t/ha) |
13 |
15 |
18 |
19 |
Disponibilidade (Kg/pessoa) |
1 |
1,5 |
2 |
2,2 |
|
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|
Mundo |
Área (%
Mundo) |
196 |
459 |
558 |
756 |
Produtividade
(t/ha) |
22 |
19 |
22 |
21 |
Disponibilidade (Kg/pessoa) |
1,3 |
2,2 |
2,5 |
2,8 |
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Fonte:
FAO Yearbook Production Statistics; média de 3 anos (i. e., 1975=
média de 1974 - 1976)
A forma preferida pelos consumidores no que diz respeito às cenouras
varia nas diferentes partes do mundo. Cerca de dois terços da área
produtora de cenoura utiliza cenouras tipo “Nantes”,
especialmente na Europa e na Ásia. Outro tipo predominante em partes
da Ásia, Sul da América e África é a “Kuroda”.
As cultivares, continuarão a ser categorizadas e comercializadas
utilizando as classes apresentadas na figura 1.1, mas a sua
diversidade genética irá certamente aumentar à medida que os
melhoradores introduzem resistência a doenças e outros caracteres
qualitativos nos diversos tipos (Philipp Simon, 2000).

Figura 3.5 –
Formas de
raízes de armazenamento em várias cultivares de cenoura.
O padrão comercial de raízes de cenoura preferido em Portugal é o “Nantes”,
devido à sua forma cilíndrica, lisa e de cor alaranjada intensa.
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