No final do ano de 1999 o mundo acordou finalmente para atroz realidade da fome no mundo, mercê das inúmeras notícias publicadas em jornais diários e veiculadas por todos os canais de

Todas as noites, nos países em vias de desenvolvimento quase 800 milhões de pessoas s e deitam com fome. Afirma o primeiro número do estado da Insegurança Alimentar no Mundo, publicado a 14 de

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Considera-se que a cenoura domesticada, Daucus carota L., tem a sua origem no Afeganistão e Ásia Central, sendo a região Himalayan-Hindu Kush (Caxemira – Afeganistão) a origem das cenouras cultivadas do Oriente, e a região Anatolian da Ásia Menor (Turquia) como o centro de diversidade das cultivares Ocidentais (Mackevic, 1929; Vavilov, 1951; Heywood, 1983).

A forma silvestre da cenoura cruza-se livremente com a forma domesticada e pensa-se que isso terá acontecido desde a China Oriental até à Europa Atlântica durante séculos.

Julga-se que o primeiro uso dado à cenoura foi através das suas sementes e não da sua raiz, provavelmente pelas propriedades medicinais e de tempero que lhes eram atribuídas.

Tanto a forma silvestre como a domesticada Daucus carota, têm uma grande diversidade fenotípica e molecular (Small, 1978; Heywood, 1983; Vivek e Simon, 1998).

O processo de melhoramento genético da cenoura provavelmente começou com a sua domesticação há cerca de 1100 anos (Laufer, 1919). A selecção inicial deve ter focado aspectos como: raízes maiores e lisas e a redução da tendência para floração precoce. A ampla variedade existente nas cenouras domesticadas sugere que tenha ocorrido mistura de germoplasma de cenoura silvestre nas formas domesticadas.

Depois da domesticação e disseminação pela Eurásia, a próxima maior mudança conhecida no percurso histórico da cenoura foi a mudança da cor da sua raiz de armazenamento de amarelo e roxo para laranja no final do século XVI e inícios do século XVII (Banga, 1963). A fonte de germoplasma que contribuiu para esta mudança de cor permanece desconhecida.

As primeiras cenouras foram categorizadas tendo em consideração a cor das raízes.

Há 350 anos, foram dados os primeiros nomes a cultivares locais de cenoura, nomes esses ainda hoje utilizados para as classes de raiz que diferenciam os tipos de cenoura. Só há cerca de 50 anos se têm feito esforços no melhoramento genético das cenouras.

O debate sobre o papel do germoplasma de cenoura silvestre na história da cenoura como cultivar permanece em aberto. Vilmorin (1959) sugeriu que a cor laranja das raízes tinha vindo directamente das cenouras silvestres, baseado nos seus estudos envolvendo polinização entre cenouras silvestres. É provável que Vilmorin não tenha polinizado cenouras silvestres, mas sim cenouras silvestres e híbridos de domesticadas, que são fenotipicamente semelhantes às silvestres (i. e. com raízes de armazenamento amarelas ou brancas e tendência para floração precoce).

Mais recentemente, Small (1978), Bradenburg (1981), Heywood (1983) e Wijnheijmer et al. (1989) discutiram o papel importante da cenoura silvestre no desenvolvimento das cultivares modernas.

Os métodos de melhoramento da cenoura são similares aos usados para outras culturas vegetais que façam polinização cruzada.

Como normalmente as cenouras não são produzidas em larga escala, têm sido consideradas como uma cultura menor, e, consequentemente o seu melhoramento tem recebido pouca atenção.

Só se investirá no melhoramento da cenoura quando os seus produtos tiverem valor comercial.

Os primeiros registos de cultivo de cenoura (Daucus carota L.) datam do século X, quando a produção de cenouras de raiz roxa e amarela eram notadas no Irão e Norte da Arábia (Banga, 1957). Durante 600 anos seguintes o cultivo da cenoura espalhou-se para este e oeste. No início deste período, considerava-se que as cenouras roxas tinham qualidades culinárias superiores. À medida que as cenouras se foram tornando populares no Norte da Europa, ao longo do século XV, as cenouras preferidas, por motivos ainda hoje pouco claros, eram as de raiz amarela. Foi só no século XVII que as nossas tão familiares cenouras de raiz laranja foram seleccionadas pelos primeiros melhoradores de cenouras (talvez jardineiros) no Norte da Europa partindo das cenouras de raiz amarela (Simon, 1997)

A cenoura roxa está de regresso, tanto na Europa como nos Estados Unidos, tendo sido colocados no mercado, produtos à base de cenoura roxa, assim como se voltaram a ver em alguns mercados Ingleses as cenouras roxas, para consumo em fresco.

Cientistas holandeses afirmam que as cenouras roxas oferecem uma protecção extra contra alguns tipos de cancro e doenças cardíacas.
(noticia retirada da Internet – agência reuters)

As cenouras roxas que estão agora a ser reintroduzidas na alimentação mundial são originárias da Turquia, que adquire as sementes através duma recente companhia Japonesa (YAKAGROUP)

Em Portugal, realiza-se anualmente no dia 20 de Janeiro, em Castro Verde, a Feira de S. Sebastião, também denominada a “Feira do Pau Roxo”, devido à tradicional cenoura roxa que só se pode encontrar no mercado nesta época do ano.

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O género Daucus é um dos mais críticos dentro das UMBELLIFERAE, devido à pouca adequação dos caracteres que se empregam para separar as espécies. No que toca ao grupo da Daucus carota, o problema agrava-se, sobretudo porque se fizeram numerosas identificações incorrectas, tanto em herbários como em outros trabalhos florísticos.

Estas dificuldades aumentam nos países mediterrânicos, não sendo Portugal uma excepção.

A provar a confusão que existe em relação a estas espécies está a falta de homogeneidade encontrada em todas as floras estudadas.

Na Flora Portuguesa de Gonçalo Sampaio (1988) são reconhecidas as seguintes espécies:

Daucus muricatus Lin.

Daucus carota Lin.

Var. maritimus (Lamk)

Var. mauritanicus (Lin.)

Var. sativus D.C.

Daucus hispanicus Gou.

Var. halophilus Samp.

Daucus gingidium Lin.

Var. decipiens Samp.

Daucus breviaculeatus Calest.

Var. rubescens Samp.

Daucus crinitus Desf.

Daucus setifolius Desf. 

Na Nova Flora de Portugal de João do Amaral Franco (1971) aparecem as seguintes espécies:

Daucus durieua Lange in Willk. & Lange

Daucus muricatus (L.)

Daucus halophilus Brot.

Daucus carota L.

Subsp. maritimus (Lam.)

Subsp. maximus (Desf.)

Subsp. azoricus Franco

Subsp. hispidus (Arcangeli)

Daucus setifolius Desf.

Daucus crinitus Desf.

Na flora mais antiga estudada, Flora de Portugal de Pereira Coutinho (1939) encontram-se descritas as espécies que se seguem:

Daucus durieua Lge

Daucus muricatus L.

β. littoralis DC.

Daucus aureus Desf.

Daucus setifolius Desf.

Daucus crinitus Desf.

Daucus carota L.

β. maritimus (Lam.)

b. maximus (Desf.)

Daucus gingidium L.

Daucus platycarpus (L.) Car.

Daucus pumilus (L.) Doell

Para além destas três floras portuguesas, foi também consultada a Flora Europaea que das dez espécies documentadas supõe seis em território português, que são:

Daucus durieua Lange in Willk. & lange

Daucus muricatus (L.)

Daucus halophilus Brot.

Daucus carota L.

                   Subsp. Carota

                   Subsp. Maritimus (Lam.)

                   Subsp. Hispidus (Arcangeli)

Daucus setifolius Desf.

Daucus crinitus Desf.

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