Voltar
Considera-se que a cenoura domesticada, Daucus carota L., tem
a sua origem no Afeganistão e Ásia Central, sendo a região
Himalayan-Hindu Kush (Caxemira – Afeganistão) a origem das cenouras
cultivadas do Oriente, e a região Anatolian da Ásia Menor (Turquia)
como o centro de diversidade das cultivares Ocidentais (Mackevic,
1929; Vavilov, 1951; Heywood, 1983).
A forma silvestre da cenoura cruza-se livremente com a forma
domesticada e pensa-se que isso terá acontecido desde a China
Oriental até à Europa Atlântica durante séculos.
Julga-se que o primeiro uso dado à cenoura foi através das suas
sementes e não da sua raiz, provavelmente pelas propriedades
medicinais e de tempero que lhes eram atribuídas.
Tanto a forma silvestre como a domesticada Daucus carota, têm
uma grande diversidade fenotípica e molecular (Small, 1978; Heywood,
1983; Vivek e Simon, 1998).
O processo de melhoramento genético da cenoura provavelmente começou
com a sua domesticação há cerca de 1100 anos (Laufer, 1919). A
selecção inicial deve ter focado aspectos como: raízes maiores e
lisas e a redução da tendência para floração precoce. A ampla
variedade existente nas cenouras domesticadas sugere que tenha
ocorrido mistura de germoplasma de cenoura silvestre nas formas
domesticadas.
Depois da domesticação e disseminação pela Eurásia, a próxima maior
mudança conhecida no percurso histórico da cenoura foi a mudança da
cor da sua raiz de armazenamento de amarelo e roxo para laranja no
final do século XVI e inícios do século XVII (Banga, 1963). A fonte
de germoplasma que contribuiu para esta mudança de cor permanece
desconhecida.
As primeiras cenouras foram categorizadas tendo em consideração a
cor das raízes.
Há 350 anos, foram dados os primeiros nomes a cultivares locais de
cenoura, nomes esses ainda hoje utilizados para as classes de raiz
que diferenciam os tipos de cenoura. Só há cerca de 50 anos se têm
feito esforços no melhoramento genético das cenouras.
O debate sobre o papel do germoplasma de cenoura silvestre na
história da cenoura como cultivar permanece em aberto. Vilmorin
(1959) sugeriu que a cor laranja das raízes tinha vindo directamente
das cenouras silvestres, baseado nos seus estudos envolvendo
polinização entre cenouras silvestres. É provável que Vilmorin não
tenha polinizado cenouras silvestres, mas sim cenouras silvestres e
híbridos de domesticadas, que são fenotipicamente semelhantes às
silvestres (i. e. com raízes de armazenamento amarelas ou brancas e
tendência para floração precoce).
Mais recentemente, Small (1978), Bradenburg (1981), Heywood (1983) e
Wijnheijmer et al. (1989) discutiram o papel importante da cenoura
silvestre no desenvolvimento das cultivares modernas.
Os métodos de melhoramento da cenoura são similares aos usados para
outras culturas vegetais que façam polinização cruzada.
Como normalmente as cenouras não são produzidas em larga escala, têm
sido consideradas como uma cultura menor, e, consequentemente o seu
melhoramento tem recebido pouca atenção.
Só se investirá no melhoramento da cenoura quando os seus produtos
tiverem valor comercial.
Os primeiros registos de cultivo de cenoura (Daucus carota
L.) datam do século X, quando a produção de cenouras de raiz roxa e
amarela eram notadas no Irão e Norte da Arábia (Banga, 1957).
Durante 600 anos seguintes o cultivo da cenoura espalhou-se para
este e oeste. No início deste período, considerava-se que as
cenouras roxas tinham qualidades culinárias superiores. À medida que
as cenouras se foram tornando populares no Norte da Europa, ao longo
do século XV, as cenouras preferidas, por motivos ainda hoje pouco
claros, eram as de raiz amarela. Foi só no século XVII que as nossas
tão familiares cenouras de raiz laranja foram seleccionadas pelos
primeiros melhoradores de cenouras (talvez jardineiros) no Norte da
Europa partindo das cenouras de raiz amarela (Simon, 1997)
A cenoura roxa está de regresso, tanto na
Europa como nos Estados Unidos, tendo sido colocados no mercado,
produtos à base de cenoura roxa, assim como se voltaram a ver em
alguns mercados Ingleses as cenouras roxas, para consumo em fresco.
Cientistas holandeses afirmam que as cenouras roxas oferecem uma
protecção extra contra alguns tipos de cancro e doenças cardíacas.
(noticia retirada da Internet – agência reuters)
As cenouras roxas que estão agora a ser reintroduzidas na
alimentação mundial são originárias da Turquia, que adquire as
sementes através duma recente companhia Japonesa (YAKAGROUP)
Em Portugal, realiza-se anualmente no dia 20 de Janeiro, em Castro
Verde, a Feira de S. Sebastião, também denominada a “Feira do Pau
Roxo”, devido à tradicional cenoura roxa que só se pode encontrar no
mercado nesta época do ano.
Topo
O género Daucus é um dos mais críticos dentro das UMBELLIFERAE,
devido à pouca adequação dos caracteres que se empregam para separar
as espécies. No que toca ao grupo da Daucus carota, o problema
agrava-se, sobretudo porque se fizeram numerosas identificações
incorrectas, tanto em herbários como em outros trabalhos florísticos.
Estas dificuldades aumentam nos países mediterrânicos, não sendo
Portugal uma excepção.
A provar a confusão que existe em relação a estas espécies está a
falta de homogeneidade encontrada em todas as floras estudadas.
Na Flora Portuguesa de Gonçalo Sampaio (1988) são reconhecidas as
seguintes espécies:
Daucus muricatus
Lin.
Daucus carota
Lin.
Var. maritimus (Lamk)
Var. mauritanicus (Lin.)
Var. sativus D.C.
Daucus hispanicus
Gou.
Var. halophilus Samp.
Daucus gingidium
Lin.
Var. decipiens Samp.
Daucus breviaculeatus
Calest.
Var. rubescens Samp.
Daucus crinitus
Desf.
Daucus setifolius
Desf.
Na Nova Flora de Portugal de João do Amaral Franco (1971) aparecem as
seguintes espécies:
Daucus durieua
Lange in Willk.
& Lange
Daucus muricatus
(L.)
Daucus halophilus
Brot.
Daucus carota
L.
Subsp. maritimus (Lam.)
Subsp. maximus (Desf.)
Subsp. azoricus Franco
Subsp. hispidus (Arcangeli)
Daucus setifolius
Desf.
Daucus crinitus
Desf.
Na flora mais antiga estudada, Flora de Portugal de Pereira Coutinho
(1939) encontram-se descritas as espécies que se seguem:
Daucus durieua
Lge
Daucus muricatus
L.
β. littoralis DC.
Daucus aureus
Desf.
Daucus setifolius
Desf.
Daucus crinitus
Desf.
Daucus carota
L.
β. maritimus (Lam.)
b. maximus (Desf.)
Daucus gingidium
L.
Daucus platycarpus
(L.) Car.
Daucus pumilus
(L.)
Doell
Para além destas três floras portuguesas, foi também consultada a
Flora Europaea que das dez espécies documentadas supõe seis em
território português, que são:
Daucus durieua
Lange in Willk. & lange
Daucus muricatus
(L.)
Daucus halophilus
Brot.
Daucus carota
L.
Subsp. Carota
Subsp. Maritimus (Lam.)
Subsp. Hispidus (Arcangeli)
Daucus setifolius
Desf.
Daucus crinitus
Desf.
Topo |