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Biodiversidade – O que é?
O homem não poderia sobreviver sem a biodiversidade:
As plantas, os animais e os micro organismos fornecem-nos alimentos,
remédios e boa parte da matéria-prima industrial que são consumidos
diariamente.
Os animais, por exemplo, dão-nos a carne, o couro e a insulina.
As plantas: a borracha, a madeira, o algodão.
Já antibióticos, como a penicilina, são extraídos dos microrganismos.
Os excrementos de um animal podem servir de alimento para outros e
fertilizar o solo ajudando no crescimento das plantas.
Não se sabe quantas espécies vegetais e animais existem no mundo. As
estimativas variam entre 10 e 50 milhões, mas até agora os cientistas
classificaram e nomearam somente 1,5 milhões de espécies.
Após uma pesquisa exaustiva encontramos várias definições de
Biodiversidade que se baseiam nos mesmos pressupostos.
Embora sejam muito repetitivas expressamos essas definições teóricas,
uma vez que se trata de um conceito com extrema importância para a
compreensão do restante trabalho e da sua aplicação prática.
A biodiversidade é composta pelas diferentes características da vida
vegetal e animal espalhadas pelo Planeta, sendo uma das maiores
preocupações mundiais. São estas diferenças de vida que estabelecem o
equilíbrio constante na Natureza, permitindo a sobrevivência dos seres
vivos, incluindo o homem.
A preservação da Natureza está directamente ligada à biodiversidade –
ou diversidade biológica, que descreve a riqueza e variedade do mundo
natural. Biodiversidade é a variedade de vida no planeta Terra.
É condição fundamental da natureza, responsável pelo equilíbrio e
estabilidade dos ecossistemas, e fonte de imenso potencial de uso
económico. É a base para a estratégica indústria da biotecnologia.
Biodiversidade refere-se à variedade de vida no planeta terra,
incluindo: a variedade genética dentro das populações e espécies; a
variedade de espécies da flora, da fauna e de micro organismos; a
variedade de funções ecológicas desempenhadas pelos organismos nos
ecossistemas; e a variedade de comunidades, habitats e ecossistemas
formados pelos organismos.
As funções ecológicas desempenhadas pela biodiversidade são ainda
pouco compreendidas, muito embora se considere que ela seja
responsável pelos processos naturais e produtos fornecidos pelos
ecossistemas e espécies que sustentam outras formas de vida e
modificam a biosfera, tornando-a apropriada e segura para a vida (Dias
em Dialogo XLV, 1996).
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Biodiversidade –
porquê preocuparmo-nos com ela?
Preservar a diversidade biológica não é simplesmente um ideal
romântico de almas bem intencionadas, é uma necessidade premente.
A biodiversidade não é um luxo. Nos anos mais recentes, o
desaparecimento de espécies e de áreas naturais, consequência da
actividade humana, tem ocorrido a uma velocidade sem precedentes. Não
mencionando os problemas éticos, frequente e justificadamente
referidos, a extinção adicional de mais uma espécie representa uma
perda irreversível de códigos genéticos únicos, que estão muitas vezes
ligados ao desenvolvimento de medicamentos, à produção de alimentos e
a diversas actividades económicas.
A biodiversidade não só fornece os referidos benefícios directos, como
também nos garante um sistema de suporte da vida. Ela é exigida para a
reciclagem dos elementos essenciais, como o carbono, o oxigénio e o
azoto. É igualmente responsável por diminuir a poluição, proteger os
lençóis de água e combater a erosão dos solos. Uma vez que actua como
um tampão relativamente às variações do clima, a biodiversidade
protege-nos de eventos catastróficos que ficam além da capacidade do
controlo humano.
A importância da biodiversidade para um ambiente saudável está a
tornar-se uma noção cada vez mais clara. Nós aprendemos que o futuro
de todas as espécies e bem-estar de toda a humanidade depende da
forma como “administrarmos” a Terra. Quando exploramos
desenfreadamente os recursos vivos, estamos a ameaçar a nossa própria
sobrevivência.
Por ser uma questão tão debatida, têm sido realizados diversos estudos
no sentido de determinar o valor económico da biodiversidade. Estes
cálculos têm em consideração aspectos como: a dependência da
agricultura, das reservas genéticas, dos sistemas ecológicos naturais
e as receitas que advêm do turismo natural.
Todas as culturas agrícolas para alimentação, incluindo o milho, o
trigo e a soja, dependem de novo material genético existente na
natureza, para que as culturas se mantenham saudáveis e produtivas.
Agricultores e criadores dependem da diversidade genética das culturas
e do gado, para aumentarem a produção e para ser possível responder a
alterações das condições ambientais. Variedades resistentes
encontradas na natureza podem ser utilizadas ou cruzadas com as
variedades domésticas, para garantir maior resistência e
produtividade. Por exemplo, em 1960 foi encontrado na natureza um
“parente” do milho, resistente a quatro das oito maiores doenças que o
afectam nos EUA. Uma vez que este cereal é a matéria-prima para a
produção de uma grande variedade de substâncias, incluindo rações para
os animais domésticos, a utilização desta variedade de milho permite
manter baixos os preços dos produtos à base do cereal, quando as
pragas atacam as culturas.
Também nos oceanos o valor da biodiversidade é inquestionável, pois,
para além da grande produção de oxigénio e consumo de dióxido de
carbono, os oceanos contêm uma grande abundância de recursos
alimentares. Actualmente, a produção de alimentos a partir dos stocks
selvagens de peixe é a maior fonte de proteína animal para a população
humana, continuamente em expansão.
Do top de vendas dos medicamentos mais comummente prescritos, mais de
70% têm a sua origem na natureza, já que são muitas as substâncias
químicas puras extraídas de seres vivos que são usadas na indústria
farmacêutica em todo o mundo. Mesmo grande parte das drogas
sintéticas, incluindo o ácido acetil salicílico, foi inicialmente
descoberta em plantas e animais selvagens.
A medicina tradicional, que depende de espécies silvestres ou
cultivadas, constitui a base dos cuidados médicos primários para mais
de 80% das pessoas que vivem em países em desenvolvimento. Contudo,
mesmo nos países mais desenvolvidos, a medicina tradicional está a
conquistar adeptos, o que promove a importação de plantas com
propriedades medicinais, com óbvios efeitos em termos económicos e de
saúde.
Mas apesar de tão alargada popularidade, apenas 2% das 250 000
espécies de plantas vasculares descritas foram investigadas quanto à
sua composição química. Algumas destas substâncias mostram
propriedades realmente inacreditáveis, como o taxol, extraído do
teixo, que tem sido utilizado no tratamento de tumores ováricos. Outro
exemplo impressionante está relacionado com a leucemia. Nos anos 60,
esta doença na idade infantil tinha apenas uma em cinco hipóteses de
cura. Actualmente, graças a drogas anti-cancerígenas desenvolvidas a
partir de um composto descoberto numa espécie silvestre, pervinca (Vinca
spp), a taxa de sobrevivência subiu para 80%.
Para além de proteger as nossas fontes de alimentos, a saúde e o
ambiente, a biodiversidade providencia uma imensa quantidade de
oportunidades recreativas e de valor estético. Os parques naturais são
outra fonte de receita e de postos de trabalho. Por exemplo, em 1986,
o Quénia recebeu mais de 400 milhões de dólares com as visitas às suas
áreas protegidas. Estas gigantescas receitas reflectem o elevado valor
dado à recreação que envolva a biodiversidade.
A poluição da água e a da atmosfera não têm fronteiras nacionais. A
chuva ácida é um bom exemplo, pois enquanto as emissões industriais
que a geram podem ser imputadas a um país, os seus efeitos podem
fazer-se sentir em diversos países vizinhos. Talvez a maior ameaça à
vida na Terra sejam as alterações globais do clima. O aumento da
concentração de dióxido de carbono e de outros gases responsáveis pelo
efeito de estufa, combinado com a depleção da camada de ozono, está a
ter efeitos climáticos notórios. As consequências para muitas espécies
selvagens e ecossistemas, assim como para as populações humanas, podem
ser catastróficas. O aquecimento global pode alterar as aptidões
agrícolas dos solos, a resistência das culturas e a inundação das
zonas costeiras, entre outros danos. As espécies serão forçadas a
migrar, para tentarem manter as suas condições óptimas, mas o ritmo
das alterações será demasiado rápido para permitir a adaptação.
A uma escala global, a perda da biodiversidade pode mesmo ameaçar a
segurança nacional.
Existem diversos conflitos internacionais sobre a água, os solos e
outros recursos naturais. Tais conflitos ambientais levam, muitas
vezes, a migrações maciças de pessoas, criando tensões nos orçamentos
nacionais, nas infra estruturas públicas e nas relações
internacionais.
Desde o desaparecimento dos dinossauros que a taxa de extinção de
espécies, a mais comum medida da perda da biodiversidade, não era tão
elevada. Com efeito, a situação é bem mais dramática do que se pode
imaginar, pois os cálculos desta taxa nunca poderão reflectir a
situação real, já que apenas 13% das aproximadamente 14 milhões de
espécies que habitam o planeta estão descritas pelos cientistas.
Virtualmente, todas as perdas (pelo menos à nossa escala temporal) são
o resultado da actividade humana, sobretudo a partir da destruição do
habitat e da exploração desmedida. Com a crescente pressão do Homem
sobre os recursos naturais, provavelmente a taxa de extinção não vai
parar de aumentar. Apesar de se começar a definir uma consciência
global sobre a importância da biodiversidade, acções concretas são
necessárias e urgentes, para que o caminho que hoje se trilha não
conduza a um beco sem saída.
Concluindo, a diversidade biológica tem que ser tratada mais
seriamente como um recurso global, para ser registada, usada e, acima
de tudo, preservada. Três circunstâncias conspiram para dar a este
assunto uma urgência sem precedentes:
O crescimento explosivo das populações humanas está a desgastar o meio
ambiente de forma muito acelerada;
A ciência está a descobrir novas utilizações para a diversidade
biológica, que podem aliviar tanto o sofrimento humano quanto a
destruição ambiental;
Grande parte da diversidade está-se a perder irreversivelmente através
da extinção causada pela destruição de habitats naturais (Wilson,1988
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Biodiversidade:
uma riqueza ameaçada
Como já foi referido, a perda da biodiversidade é um fenómeno global,
verifica-se também na Europa, onde se registou nas últimas décadas uma
grave redução e perda de biodiversidade, afectando numerosas espécies
e diferentes tipos de habitats, como é o caso das zonas húmidas.
Segundo o relatório Dobris, sob a égide da Agência Europeia do
Ambiente, este declínio da biodiversidade na Europa ficará a dever-se,
essencialmente, às modernas formas de intensiva utilização agrícola e
silvícola do solo, à fragmentação dos habitats naturais por força de
urbanizações e diversos tipos de infra-estruturas, à exposição ao
turismo de massas, bem como aos efeitos da poluição de componentes
ambientais como a água e o ar. O problema, naturalmente, tem também
expressão em Portugal, onde ameaça a particular riqueza do nosso
património natural.
É sabido que a redução da diversidade biológica, que se verifica a um
ritmo preocupante também em Portugal, é essencialmente resultante da
acção directa ou indirecta do Homem, que muitas vezes se mostra
incapaz de promover uma utilização sustentável dos recursos
biológicos, isto é, que garanta a sua perenidade.
Esta situação tem profundas implicações, não só de natureza ecológica
mas também no plano do desenvolvimento económico e social, em razão
do valor que estes recursos representam em termos económicos, sociais,
culturais, recreativos, estéticos, científicos e éticos.
Na realidade, a espécie humana depende da diversidade biológica para a
sua própria sobrevivência, estimando-se que pelo menos 40% da economia
mundial e 80% das necessidades dos povos dependem dos recursos
biológicos.
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A
Estratégia da Comunidade Europeia em matéria de Diversidade Biológica
Articulando-se a política ambiental portuguesa com a política
comunitária em matéria de ambiente, não poderia aquela deixar de se
articular com a Estratégia da Comunidade Europeia em matéria de
Diversidade Biológica, que se desenvolve em torno de quatro temas
centrais:
§
Conservação e utilização sustentável da diversidade biológica;
§
Partilha dos benefícios resultantes da utilização dos recursos
genéticos;
§
Investigação, identificação, monitorização e intercâmbio de
informações;
§
Educação, formação e sensibilização do público. |