No final do ano de 1999 o mundo acordou finalmente para atroz realidade da fome no mundo, mercê das inúmeras notícias publicadas em jornais diários e veiculadas por todos os canais de

Todas as noites, nos países em vias de desenvolvimento quase 800 milhões de pessoas s e deitam com fome. Afirma o primeiro número do estado da Insegurança Alimentar no Mundo, publicado a 14 de

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Biodiversidade – O que é?

 

O homem não poderia sobreviver sem a biodiversidade:

*       As plantas, os animais e os micro organismos fornecem-nos alimentos, remédios e boa parte da matéria-prima industrial que são consumidos diariamente.

*       Os animais, por exemplo, dão-nos a carne, o couro e a insulina.

*       As plantas: a borracha, a madeira, o algodão.

*       Já antibióticos, como a penicilina, são extraídos dos microrganismos.

Os excrementos de um animal podem servir de alimento para outros e fertilizar o solo ajudando no crescimento das plantas.

Não se sabe quantas espécies vegetais e animais existem no mundo. As estimativas variam entre 10 e 50 milhões, mas até agora os cientistas classificaram e nomearam somente 1,5 milhões de espécies.

Após uma pesquisa exaustiva encontramos várias definições de Biodiversidade que se baseiam nos mesmos pressupostos.

Embora sejam muito repetitivas expressamos essas definições teóricas, uma vez que se trata de um conceito com extrema importância para a compreensão do restante trabalho e da sua aplicação prática.

A biodiversidade é composta pelas diferentes características da vida vegetal e animal espalhadas pelo Planeta, sendo uma das maiores preocupações mundiais. São estas diferenças de vida que estabelecem o equilíbrio constante na Natureza, permitindo a sobrevivência dos seres vivos, incluindo o homem.

A preservação da Natureza está directamente ligada à biodiversidade – ou diversidade biológica, que descreve a riqueza e variedade do mundo natural. Biodiversidade é a variedade de vida no planeta Terra.

É condição fundamental da natureza, responsável pelo equilíbrio e estabilidade dos ecossistemas, e fonte de imenso potencial de uso económico. É a base para a estratégica indústria da biotecnologia.

Biodiversidade refere-se à variedade de vida no planeta terra, incluindo: a variedade genética dentro das populações e espécies; a variedade de espécies da flora, da fauna e de micro organismos; a variedade de funções ecológicas desempenhadas pelos organismos nos ecossistemas; e a variedade de comunidades, habitats e ecossistemas formados pelos organismos.

As funções ecológicas desempenhadas pela biodiversidade são ainda pouco compreendidas, muito embora se considere que ela seja responsável pelos processos naturais e produtos fornecidos pelos ecossistemas e espécies que sustentam outras formas de vida e modificam a biosfera, tornando-a apropriada e segura para a vida (Dias em Dialogo XLV, 1996).

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Biodiversidade – porquê preocuparmo-nos com ela?

Preservar a diversidade biológica não é simplesmente um ideal romântico de almas bem intencionadas, é uma necessidade premente.

A biodiversidade não é um luxo. Nos anos mais recentes, o desaparecimento de espécies e de áreas naturais, consequência da actividade humana, tem ocorrido a uma velocidade sem precedentes. Não mencionando os problemas éticos, frequente e justificadamente referidos, a extinção adicional de mais uma espécie representa uma perda irreversível de códigos genéticos únicos, que estão muitas vezes ligados ao desenvolvimento de medicamentos, à produção de alimentos e a diversas actividades económicas.

A biodiversidade não só fornece os referidos benefícios directos, como também nos garante um sistema de suporte da vida. Ela é exigida para a reciclagem dos elementos essenciais, como o carbono, o oxigénio e o azoto. É igualmente responsável por diminuir a poluição, proteger os lençóis de água e combater a erosão dos solos. Uma vez que actua como um tampão relativamente às variações do clima, a biodiversidade protege-nos de eventos catastróficos que ficam além da capacidade do controlo humano.

A importância da biodiversidade para um ambiente saudável está a tornar-se uma noção cada vez mais clara. Nós aprendemos que o futuro  de todas as espécies e bem-estar de toda a humanidade depende da forma como “administrarmos” a Terra. Quando exploramos desenfreadamente os recursos vivos, estamos a ameaçar a nossa própria sobrevivência.

Por ser uma questão tão debatida, têm sido realizados diversos estudos no sentido de determinar o valor económico da biodiversidade. Estes cálculos têm em consideração aspectos como: a dependência da agricultura, das reservas genéticas, dos sistemas ecológicos naturais e as receitas que advêm do turismo natural.

Todas as culturas agrícolas para alimentação, incluindo o milho, o trigo e a soja, dependem de novo material genético existente na natureza, para que as culturas se mantenham saudáveis e produtivas. Agricultores e criadores dependem da diversidade genética das culturas e do gado, para aumentarem a produção e para ser possível responder a alterações das condições ambientais. Variedades resistentes encontradas na natureza podem ser utilizadas ou cruzadas com as variedades domésticas, para garantir maior resistência e produtividade. Por exemplo, em 1960 foi encontrado na natureza um “parente” do milho, resistente a quatro das oito maiores doenças que o afectam nos EUA. Uma vez que este cereal é a matéria-prima para a produção de uma grande variedade de substâncias, incluindo rações para os animais domésticos, a utilização desta variedade de milho permite manter baixos os preços dos produtos à base do cereal, quando as pragas atacam as culturas.

Também nos oceanos o valor da biodiversidade é inquestionável, pois, para além da grande produção de oxigénio e consumo de dióxido de carbono, os oceanos contêm uma grande abundância de recursos alimentares. Actualmente, a produção de alimentos a partir dos stocks selvagens de peixe é a maior fonte de proteína animal para a população humana, continuamente em expansão.

Do top de vendas dos medicamentos mais comummente prescritos, mais de 70% têm a sua origem na natureza, já que são muitas as substâncias químicas puras extraídas de seres vivos que são usadas na indústria farmacêutica em todo o mundo. Mesmo grande parte das drogas sintéticas, incluindo o ácido acetil salicílico, foi inicialmente descoberta em plantas e animais selvagens.

A medicina tradicional, que depende de espécies silvestres ou cultivadas, constitui a base dos cuidados médicos primários para mais de 80% das pessoas que vivem em países em desenvolvimento. Contudo, mesmo nos países mais desenvolvidos, a medicina tradicional está a conquistar adeptos, o que promove a importação de plantas com propriedades medicinais, com óbvios efeitos em termos económicos e de saúde.

Mas apesar de tão alargada popularidade, apenas 2% das 250 000 espécies de plantas vasculares descritas foram investigadas quanto à sua composição química. Algumas destas substâncias mostram propriedades realmente inacreditáveis, como o taxol, extraído do teixo, que tem sido utilizado no tratamento de tumores ováricos. Outro exemplo impressionante está relacionado com a leucemia. Nos anos 60, esta doença na idade infantil tinha apenas uma em cinco hipóteses de cura. Actualmente, graças a drogas anti-cancerígenas desenvolvidas a partir de um composto descoberto numa espécie silvestre, pervinca (Vinca spp), a taxa de sobrevivência subiu para 80%.

Para além de proteger as nossas fontes de alimentos, a saúde e o ambiente, a biodiversidade providencia uma imensa quantidade de oportunidades recreativas e de valor estético. Os parques naturais são outra fonte de receita e de postos de trabalho. Por exemplo, em 1986, o Quénia recebeu mais de 400 milhões de dólares com as visitas às suas áreas protegidas. Estas gigantescas receitas reflectem o elevado valor dado à recreação que envolva a biodiversidade.

A poluição da água e a da atmosfera não têm fronteiras nacionais. A chuva ácida é um bom exemplo, pois enquanto as emissões industriais que a geram podem ser imputadas a um país, os seus efeitos podem fazer-se sentir em diversos países vizinhos. Talvez a maior ameaça à vida na Terra sejam as alterações globais do clima. O aumento da concentração de dióxido de carbono e de outros gases responsáveis pelo efeito de estufa, combinado com a depleção da camada de ozono, está a ter efeitos climáticos notórios. As consequências para muitas espécies selvagens e ecossistemas, assim como para as populações humanas, podem ser catastróficas. O aquecimento global pode alterar as aptidões agrícolas dos solos, a resistência das culturas e a inundação das zonas costeiras, entre outros danos. As espécies serão forçadas a migrar, para tentarem manter as suas condições óptimas, mas o ritmo das alterações será demasiado rápido para permitir a adaptação.

A uma escala global, a perda da biodiversidade pode mesmo ameaçar a segurança nacional. Existem diversos conflitos internacionais sobre a água, os solos e outros recursos naturais. Tais conflitos ambientais levam, muitas vezes, a migrações maciças de pessoas, criando tensões nos orçamentos nacionais, nas infra estruturas públicas e nas relações internacionais.

Desde o desaparecimento dos dinossauros que a taxa de extinção de espécies, a mais comum medida da perda da biodiversidade, não era tão elevada. Com efeito, a situação é bem mais dramática do que se pode imaginar, pois os cálculos desta taxa nunca poderão reflectir a situação real, já que apenas 13% das aproximadamente 14 milhões de espécies que habitam o planeta estão descritas pelos cientistas. Virtualmente, todas as perdas (pelo menos à nossa escala temporal) são o resultado da actividade humana, sobretudo a partir da destruição do habitat e da exploração desmedida. Com a crescente pressão do Homem sobre os recursos naturais, provavelmente a taxa de extinção não vai parar de aumentar. Apesar de se começar a definir uma consciência global sobre a importância da biodiversidade, acções concretas são necessárias e urgentes, para que o caminho que hoje se trilha não conduza a um beco sem saída.

Concluindo, a diversidade biológica tem que ser tratada mais seriamente como um recurso global, para ser registada, usada e, acima de tudo, preservada. Três circunstâncias conspiram para dar a este assunto uma urgência sem precedentes:

O crescimento explosivo das populações humanas está a desgastar o meio ambiente de forma muito acelerada;

A ciência está a descobrir novas utilizações para a diversidade biológica, que podem aliviar tanto o sofrimento humano quanto a destruição ambiental;

Grande parte da diversidade está-se a perder irreversivelmente através da extinção causada pela destruição de habitats naturais (Wilson,1988                                                                                                                                                                                                                          Topo

Biodiversidade: uma riqueza ameaçada    

Como já foi referido, a perda da biodiversidade é um fenómeno global, verifica-se também na Europa, onde se registou nas últimas décadas uma grave redução e perda de biodiversidade, afectando numerosas espécies e diferentes tipos de habitats, como é o caso das zonas húmidas.

Segundo o relatório Dobris, sob a égide da Agência Europeia do Ambiente, este declínio da biodiversidade na Europa ficará a dever-se, essencialmente, às modernas formas de intensiva utilização agrícola e silvícola do solo, à fragmentação dos habitats naturais por força de urbanizações e diversos tipos de infra-estruturas, à exposição ao turismo de massas, bem como aos efeitos da poluição de componentes ambientais como a água e o ar. O problema, naturalmente, tem também expressão em Portugal, onde ameaça a particular riqueza do nosso património natural.

É sabido que a redução da diversidade biológica, que se verifica a um ritmo preocupante também em Portugal, é essencialmente resultante da acção directa ou indirecta do Homem, que muitas vezes se mostra incapaz de promover uma utilização sustentável dos recursos biológicos, isto é, que garanta a sua perenidade.

Esta situação tem profundas implicações, não só de natureza ecológica mas também no plano do desenvolvimento económico e social, em razão
do valor que estes recursos representam em termos económicos, sociais, culturais, recreativos, estéticos, científicos e éticos.

Na realidade, a espécie humana depende da diversidade biológica para a sua própria sobrevivência, estimando-se que pelo menos 40% da economia mundial e 80% das necessidades dos povos dependem dos recursos biológicos.

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 A Estratégia da Comunidade Europeia em matéria de Diversidade Biológica

Articulando-se a política ambiental portuguesa com a política comunitária em matéria de ambiente, não poderia aquela deixar de se articular com a Estratégia da Comunidade Europeia em matéria de Diversidade Biológica, que se desenvolve em torno de quatro temas centrais:

§         Conservação e utilização sustentável da diversidade biológica;

§         Partilha dos benefícios resultantes da utilização dos recursos genéticos;

§         Investigação, identificação, monitorização e intercâmbio de informações;

§         Educação, formação e sensibilização do público.

   

 

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